domingo, 7 de setembro de 2008

EQUOTERAPIA

A CURA VEM A CAVALO

Também conhecida como equitação terapêutica, a Equoterapia usa o cavalo como agente, auxiliando no tratamento de várias deficiências físicas e mentais. O tratamento através do cavalo, com ajuda de uma grande equipe, vem adquirindo cada vez mais adeptos no mundo inteiro. Diante disso, fica provado que a Equoterapia é um método extremamente eficiente, que aba cura e lazer, provando que o cavalo também pode ser o melhor amigo do homem.

Os Primeiros Passos
Os antigos médicos gregos já conheciam e recomendavam o efeito benéfico da equitação para a saúde. Sabendo disso, médicos parisienses começaram a estudar o que mais tarde seria chamado de "Equoterapia", em 1875. Mas, nessa época, ela não foi praticada formalmente. Foi apenas nos anos 30, na Alemanha, que ela se tomou uma alternativa para a cura de vários problemas.

Talvez a faísca para tomar a Equoterapia conhecida do grande público foi a vitória da dinamarquesa Liz; Hartel, medalha de prata em Adestramento nas Olimpíadas de Helsinki em 1952, já adulta, contraiu Poliomielite e foi condenada à cadeira de rodas. Amazona desde criança, não aceitou a situação e partiu para a luta. Com incrível força de vontade, não apenas superou a deficiência, como também todos os seus concorrentes sem deficiência.
Nos anos 50 e 60 surgiram simultaneamente os primeiros grupos de terapia em vários países da Europa e, pouco depois, nos EUA. Inicialmente, esses grupos trabalhavam empiricamente, mas hoje muitos estão ligados a hospitais universitários e dispõe-se de trabalhos científicos sobre a eficácia da Equoterapia.

Outro impulso para que ela se tomasse uma prática mais conhecida e estudada foi a Segunda Guerra Mundial, onde começou uma verdadeira "Renascença" da Equoterapia. Isso deve�se, em grande parte, aos mutilados de guerra, pois muitos deles tinham sido excelentes cavaleiros, e um tratamento com cavalos podia ter resultados incríveis.

A Realização do Trabalho
A equoterapia tem como eixo principal o "cavalo", que tem os movimentos tridimensionais; indispensáveis para a terapia. Ao se deslocar ao passo, realiza um movimento em seu dorso que se assemelha à marcha humana. O deslocamento longitudinal, transversal e vertical desloca o centro gravitacional do cavalo tridimensionalmente proporcionando um movimento semelhante à bacia pélvica humana durante a marcha. Esse andar tridimensional. corresponde ao andar humano com menos de 57o de diferença. Em casos de lesões cerebrais (congênitas ou acidentais) esta semelhança pode ajudar a fornecer imagens cerebrais seqüenciais e impulsos importantes para se aprender ou reaprender a andar.

Na Equoterapia, ao contrário das terapias tradicionais, onde temos a clássica relação terapeuta-paciente, encontramos como protagonista "em cima" de seu parceiro, o cavalo, e o terapeuta "em baixo" como simples; mediador. Esta inversão de papéis é um fator importante na motivação, talvez a principal responsável dos grandes progressos e melhoras obtidas.

Outra vantagem é que o biorritmo do cavalo, muito semelhante ao humano e seu movimento rítmico-balançante, que estimulam o metabolismo, regulam o tônus e melhoram os sistemas cardiovascular e respiratório.

O movimento e a mudança de equilíbrio constante estimulam o sistema vestibular e solicitam uma adaptação incessante do próprio equilíbrio, fortalecendo a musculatura e a coordenação. Associando este fortalecimento às outras sensações provocadas pelo corpo do cavalo, melhoram a integração sensório-motora e a consciência do próprio corpo.

Mas para que tudo isso seja aproveitado de forma correta e segura, os exercícios devem ser supervisionados por um fisioterapeuta, instrutor de equitação, terapeuta ocupacional. e um psicólogo. Dependendo de cada caso, fonoaudiólogas, pedagogas e educadores físicos são imprescindíveis para explorar todos os benefícios proporcionados pelos cavalos - praticante da equoterapia deverá ser encaminhado por profissional da área médica e/ ou paramédica e, após uma avaliação da equipe, onde são recolhidos dados de acordo com fichas de avaliação em todas as áreas, é elaborado um programa terapêutico para cada caso.

A equipe deve estar em constante intercâmbio, e também em contato com os profissionais ligados ao praticante, pois a supervisão médica é obrigatória.

Indicações e Contra-Indicações
A Equoterapia é indicada para a maioria dos tipos de paralisia cerebral, acidentes vasculares cerebrais, traumas crânio-encefálicos, atrasos maturativos, formas psiquiátricas de psicoses infantis, estados marginais (ex: autismo), Síndrome de Down e dependentes químicos. Além disso, estresse, depressões, hiperatividade, dificuldade no aprendizado, timidez, coordenação motora, postura ou deficiências físicas podem ser sensivelmente aliviados ou superados. Lembrando sempre que a Equoterapia atende "alunos" de qualquer idade.

Existem casos em que a equoterapia não é eficiente e, pelo contrário, pode até trazer prejuízos, como: afecções graves da coluna vertebral, nos casos de luxações de quadril, Síndrome de Down com excesso de afrouxamento nas primeiras vértebras cervicais e em casos de reduzida sensibilidade na região das coxas.

O Cavalo
A potência do cavalo e seu tamanho impõem medo e respeito. Um sentimento irresistível resulta desta atração e do medo natural. Superar este medo, e através deste, outros, ajuda as pessoas, com ou sem deficiência, fortalecendo sua auto-estima, e melhorando sua postura física e moral.

Devido a uma índole boa e receptiva, o cavalo é o parceiro ideal para primeiras tentativas de relacionamento. Além do fato de ser um ótimo companheiro, o cavalo oferece um certo número de possibilidades que nenhum meio mecânico pode garantir. Porém, é um ser animado, e como instrumento de terapia, deverá preencher requisitos que otimizem as respostas esperadas. A segurança é a regra básica para esta prática. O instrutor de equitação, como homem do cavalo, agora "equoterapeuta", tem essa responsabilidade. A escolha do animal, seu condicionamento, os cuidados com sua higiene, saúde e a condução elaborada do animal, junto com a mediação do vínculo homem-cavalo, fazem do instrutor o responsável pela segurança e equilíbrio do conjunto.

Os outros terapeutas, cada um dentro de sua especificação, cuidam do aproveitamento total dos estímulos.
Para aproveitar todo este potencial com segurança, devemos selecionar unicamente animais de criações que permitem uma infância e adolescência saudáveis, com espaço e liberdade, companhia de outros cavalos e boa educação, desenvolvendo seu potencial motor e afetivo equilibradamente, sem sofrerem agressões físicas ou emocionais. Uma longa educação e treinamento são necessários para garantir a colaboração deste parceiro inigualável para a terapia. É bom lembrar que nunca podemos contar com segurança de animais que sofreram os traumas da doma tradicional, e foram eventualmente recuperados.

CRIANÇAS:
As maiores beneficiadas


No mundo moderno a criança das grandes cidades, confinada em espaços limitados, recebe uma sobrecarga de estímulos audiovisuais. A falta de contato com a natureza e seus desafios para a exploração física-motora, como são as árvores e terrenos naturais, priva-a da oportunidade de descobrir o mundo real e de aprender naturalmente a coordenação de seu próprio corpo.

A falta de sensações agradáveis, provocadas por estímulos normais e encontrados num ambiente adequado, pode levar à procura de sensações artificiais cada vez mais fortes e perigosas.

As experiências neuromusculares formam o alicerce indispensável para a boa estruturação da criança, possibilitando o futuro aprendizado intelectual.

O cavalo pode ser um ajudante para suprir este déficit de estimulação tátil proprioceptivo (e muitas vezes também afetivo). O movimento rítmico-balançante melhora a consciência espaço-temporal, a concentração, e o equilíbrio e consolida a segurança gravitacional.

A mistura de atração e medo inerente, representa um grande desafio e motivação. Aceitando este desafio, fica mais fácil superar os medos fortalecendo a confiança e a auto-estima.

O cavalo possibilita um relacionamento afetivo não-verbal, sem conflitos e sem exigências. Constrói uma ponte para estabelecer relações com outros seres, ajudando a controlar agressividade e timidez, bem como regular a hiperatividade. Facilita um relacionamento afetivo, mas sem envolvimento, e impõe limites e respeito pelo seu tamanho, ajudando a criança a aceitar regras e disciplina. Portanto, o cavalo é, ao mesmo tempo, um terapeuta nato, um educador e um grande motivador.


ANDE BRASIL
Desde 1974, acontecem Congressos Internacionais de Equoterapia, agora organizados pela Associação Internacional de Equoterapia. Vinte e seis países estão credenciados e o Brasil está entre eles graças à fundação ANDE - Brasil (Associação Nacional de Equoterapia) criada em 1989, na cidade de Brasília. Para mais infor, mações sobre como e ande praticar a equoterapia, o telefone da ANDE - Brasil é (061) 273-4176. Lembre-se que apenas pessoas especializadas podem ser "equoterapeutas" e a Associação pode lhe indicar profissionais confiáveis e competentes para que você tenha segurança no tratamento.
Colaboradores:
Por Juliana Rose
Revista Horse Ilimitada, Vol. 40, páginas 40, 41 e 42.

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