sábado, 28 de março de 2009

Checagem do Aparelho Locomotor

Todos sabem que sem pernas não há cavalo. Mas o que, e quando, e quantas vezes fazer, para que o nosso atleta equino permaneça funcionando no máximo da capacidade? Se você ainda tinha estas dúvidas, não as terá mais depois de estudar este artigo!

Por Claudia Leschonski
Fotos Fernando Megale

Onde há cavalos atletas, há pessoas ocupadas em verificar e cuidar da saúde de pernas e cascos destes animais, a um ponto que poderia parecer exagerado a um observador desavisado. Isto acontece porque da saúde e do perfeito funcionamento do aparelho locomotor depende toda utilização, e portanto a própria razão de ser, de nossos cavalos. E quanto mais exigidos eles forem, em trabalho ou esporte, mais necessário é dedicar toda a atenção possível a pernas e cascos. Como sempre, vale conhecer a fundo a normalidade de cada indivíduo, para detectar todo mais leve indício de anormalidade, sanando-a antes que ela tenha chance de se transformar em um problema d saúde potencialmente grave.

Como muitas das boas práticas de manejo relacionadas ao cavalo, a observação e os cuidados com o locomotor são um hábito a se adquirir. Dizer ou pensar algo do tipo: não cuidei das pernas do cavalo hoje porque não tive tempo - equivale mais ou menos a "não escovei os dentes nem tomei banho porque não tive tempo." Uma vez implantadas, as práticas descritas abaixo que se aplicarem à sua situação passarão a ser não tempo gasto, mas tempo (e dinheiro) economizado, à medida que o seu cavalo será capaz de trabalhar por mais tempo e com mais saúde, correndo menos riscos de sofrer as conseqüências de um ferimento negligenciado ou de uma lesão de esforço não percebida a tempo.

Exame visual diário - O que checar
Existem alguns critérios comuns à observação de todos os segmentos do aparelho locomotor:
* Simetria - de modo geral, um membro deve ser a versão espelhada de seu par oposto, não apenas no tocante ao tamanho e posição, mas também quanto a firmeza e temperatura. Por exemplo, se você não tem certeza de que um casco ou boleto esteja quente ou normal, pode ser valioso segurar os pares, um em cada mão, para comparar.

* Expressão do animal: mesmo que os cavalos não gritem de dor, tal como o fazem cães e humanos (e graças a Deus por isso, dizem alguns, pois do contrário o fundo sonoro das hípicas seria inferno de Dante), eles dão sinais bem claros de estar ao observador atento. Dor ou desconforto podem evidenciados por contrair das costas, murchar das orelhas, ou uma simples da expressão dos olhos, no cavalo em essa ação. No animal em movimento, nem sempre observamos uma claudicação (manqueira) clara, porém uma simples diminuição da amplitude do trote, uma diminuição da vontade de avançar, ou uma posição de cabeça ou dorso diferente, da habitual. Por isso é tão importante conhecer a normalidade de cada cavalo, a qual possibilita que alterações sejam percebidas logo em seu princípio.

1. MOVIMENTAÇÃO: Olhe o animal a passo, de preferência sendo puxado por outra pessoa, se afastando e depois se aproximando de você. Repare se o movimento dá uma impressão de equilíbrio e harmonia, se os quatro cascos tocam o chão de modo rítmico. Se um pé pisa diferente dos outros, precipitado ou mais leve, pode ser um sinal de problema, bem como se a movimentação de cabeça e pescoço ficar diferente. Olhe a garupa por trás, verificando se os lados esquerdo e direito se movimentam de maneira simétrica. Repita a trote, quando especialmente as claudicações de anteriores podem ficar mais evidentes, manifestas na movimentação anormal da cabeça, que desce mais do que o normal quando o membro saudável toca o solo. (Ou seja, se a cabeça abaixa quando a mão esquerda toca o solo, isto pode ser sinal de algum problema na mão direita). Quando não houver pessoa para puxar o cavalo para você, você pode rodar o cavalo na guia; no círculo, o cavalo tende a mancar mais quando o membro afetado estiver no lado interno do círculo. Também a simples observação e "sintonia" com o cavalo nos primeiros minutos de trabalho montado, procurando prestar atenção na qualidade de sua movimentação ao invés de dar comandos logo de saída, é muito importante na percepção precoce de eventuais problemas de locomoção.

2. CASCOS: No animal em movimento, veja se eles tocam o solo de maneira plana, com toda a sua superfície encostando no chão ao mesmo tempo. No animal parado, verifique se os cravos continuam firmes no lugar, e se a ferradura está imóvel ou com algum jogo, caso em que deverá ser reapertada ou repregada. Levantando o casco, veja a saúde de ranilha e bulbos, se há um foco de podridão, pedaços de gravetos ou pedrinhas presos, etc. (Caso você tenha um tratador encarregado da limpeza dos cascos, não hesite em chamar a atenção dele se este trabalho não estiver sendo feito corretamente.) Verifique a temperatura do casco, em toda a extensão de parede e sola, aumentos súbitos de temperatura podem significar o início de broca ou laminite.

3. BOLETOS E CANELAS: Passe as mãos por toda a extensão das pernas, uma de cada vez, desde o joelho (carpo) ou jarrete até a coroa do casco, tanto na face anterior como na posterior. Concentre-se em alterações de volume, de sensibilidade e de temperatura de um dia para outro, principalmente nos tendões flexores e nos boletos. Com prática, você será capaz de diferenciar alterações recentes dos tendões de algum carocinho ou espessamento antigo, e também de avaliar se há pulsação mais forte em um dos boletos ou na coroa, indicativa de alguma lesão. Especialmente nos cavalos mais jovens, o início de sobreossos ou de dor canela pode ser percebido desta maneira. Ao mesmo tempo, você estará examinando a pele da região, verificando o surgimento de frieiras ("casquinhas"), típicas de higiene deficiente, e ainda notando as pequenas lesões que se formam quando o animal está se tocando ou se alcançando, interferências geralmente provenientes de desequilíbrio causado (ou agravado) por ferrageamento incorreto. (Por outro lado, o ferrageamento ortopédico pode sanar quase totalmente a interferência de movimentação de cavalos que tenham aprumos naturalmente defeituosos).

4. DAS ORELHAS A ACUDA: Muitas das claudicações dos cavalos que pensamos originárias dos membros inferiores na verdade começam mais acima, seja no alinhamento defeituoso de algumas vértebras, seja numa lesão muscular de esforço, entre outras causas. E como todo a extensão do corpo do animal pode ser descrita como um longo segmento ósseo revestido por músculos conectados entre si, e coberto por um único ligamento, é claro que um problema numa pequena área desta faixa irá se revestir no conjunto todo.

O exame com pressão digital de nuca, pescoço, cernelha, dorso, lombo e garupa pode ser complicado, pois a reação que num animal significa dor pode apenas ser cócega num outro, e a intensidade da pressão a aplicar também precisa ser aprendida. Mesmo assim, áreas onde a sensibilidade é muito aumentada em relação às outras, assimétricas em relação ao lado oposto, onde houver aumentos de volume ou depressões evidentes, são sempre suspeitas. Um cavalo parado em repouso, porém com a cabeça muito elevada; depressões na musculatura dorsal, logo atrás da cernelha, num cavalo de resto bem musculado; pequenos calombos ósseos ou pontos subcutâneos muito duros, ao longo da coluna vertebral, são sempre merecedores de atenção. Se a sensibilidade do animal em relação a estes pontos aumentar, ou se o sintoma se agravar, um especialista deve ser consultado para verificar se o treinamento pode estar provocando ou agravando alguma alteração de esqueleto ou de musculatura. Muitos cavalos tem “dor nas costas” no dia seguinte ao trabalho intenso ou quando voltam ao trabalho após férias prolongadas. Este sintoma pode ser aliviado com um bom aquecimento antes do trabalho, na guia ou montado, e com massagens após o trabalho.


Quando chamar o veterinário?
Onde, afinal, está o limite entre o excesso e a falta na observação e no tratamento de alguma manqueira ou outro problema relacionado à saúde de cascos e pernas dos cavalos? Infelizmente, não existe resposta genérica e absoluta. Num extremo está o "super-dono", que tal qual uma supermãe toca o alarme a qualquer alteração, real ou imaginada, da movimentação do cavalo; no outro, a pessoa que afugenta preocupações e responsabilidades dando de ombros com um "isso não é nada, em dois dias passa sozinho." Tapar o sol com a peneira pode ser ainda mais danoso do que fazer tempestade em copo d'água.

A única resposta é mesmo conhecer bem o(s) cavalo(s) sob nossos cuidados, monitorá-los diariamente e observar se alguma alteração desaparece logo, ressurge de tempos em tempos, ou se torna crônica. A intuição não pode ser subestimada neste processo: se você tem a clara noção de que o animal não está trotando com a alegria e a desenvoltura de antes, por mais que observadores lhe digam que não notam nada de anormal, provavelmente alguma coisa está acontecendo, talvez num estagio bem precoce. Não se esqueca de que, muitas vezes, o cavaleiro é capaz de sentir o que os olhos do observador não podem ver tão bem, mesmo que ele seja veterinário dos mais habilidosos.

Em nosso círculo de conhecidos, dois animais de salto começaram com uma leve manqueira mais ou menos na mesma época, ambos na faixa dos 13 anos. É nesta idade que muitas patologias artrítico - degenerativas começam a acontecer; se precocemente diagnosticadas e tratadas, o animal pode continuar tendo um uso normal, sem dores, por anos a fio, mas se deixadas ao léu, a degeneração pode avançar rapidamente. No caso em questão, a dona de um dos cavalos ficou uma semana esperando para ver se a manqueira seria resultado de um salto infeliz, ou de algum "mau jeito", mas quando o cavalo continuou a claudicar levemente, ela não teve dúvidas: cancelou outras despesas programadas para chamar um veterinário especializado, que com radiografias e exames diagnosticou um início de calcificação de terceira falange. O cavalo foi tratatado com medicação injetável, depois oral, além de ferrageamento ortopédico,e após dois meses voltou às provas de salto. Depois de dois anos, ele continua trabalhando normalmente, sem qualquer tratamento contínuo além das ferraduras especiais. O outro caso era de uma égua que vinha mancando há meses, toda vez que trabalhava em terreno mais duro. Seu dono afirmava sistematicamente que se tratava de "manqueira psicológica", numa manobra da égua para evitar o trabalho, teoria aparentemente confirmada pelo fato da égua passar longos períodos sem mancar, especialmente quando saía na companhia de outros cavalos. Depois de muito tempo, quando a claudicação havia se torna o constante até mesmo ao passo, o dono chamou o mesmo veterinário, que ficou espantado com as radiografias mais "didáticas" de síndrome do navicular que já havia visto, com as falanges dos anteriores quase totalmente descalcificadas. Diversos, tratamentos bem dispendiosos - infiltrações, ferrageamentos, todo tipo de remédios - surtiram pouquíssimo efeito, até que a melhor opção foi passar a égua à reprodução.
(Nota da Autora: Ambos os casos são reais, porém detalhes foram alterados para preservar a privacidade dos envolvidos ... )


Referência
Revista Horse Business, Março 2000

segunda-feira, 23 de março de 2009

REUNIÃO GEQUUS

Atenção membros e interesados convidamos todos para reunião do GEQUUS, dia 01/04 (Quarta-feira) às 10:00 hs na Sala 5, Bloco C.
Teremos palestra sobre Problemas de Aprumos e será apresentada por Samarone (9º Zootecnia).

Atenciosamente.

sábado, 14 de março de 2009

Horário Reunião

Comunicamos aos membros do GEQUUS e interessados que haverá reunião do grupo na Quarta-feira às 17 hs, na Sala 8, Bloco A.

Atenciosamente,
Organização.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Nutrição Eqüina

Quando se fala de nutrição eqüina, o centro das atenções é a energia. Enquanto nossa sociedade sofre a crise de produçao e fornecimento, na comunidade eqüestre a crise é de informação.

I - Noções básicas: todos as reações biológicas não existiriam sem energia. Tudo começa com o fenômeno da fotossíntese - a folha da planta capta calor e luz do sol e C02 (gás carbônico) do ar atmosférico, que incorporados à água e ao amido circulante em sua seiva viva, formam o hidrato de carbono - daí a denominação de carboidrato. Com isso as plantas devolvem o oxigênio ao ar atmosférico - disponível novamente aos animais. Enquanto na planta a clorofila está estreitamente ligada ao magnésio, no animal a hemoglobina está ligada ao ferro, uma polaridade em favor da eficiência no aproveitamento do oxigênio.

I-1) O Carbono: todos os nutrientes, com exceção da água e dos minerais, contém carbono na sua composição.
Nas gorduras e carboidratos, o carbono se relaciona com o oxigênio e o hidrogênio, e nas proteínas se liga também a alguns minerais e ao nitrogênio. Esta diferença elucida a eficiência energética de cada nutriente.

I-2) Formas de carboidrato:
A. Os monossacarídeos: a glicose pode ser considerada como a unidade do açúcar, pois tem a fórmula mais simples dos açúcares (C6 H12 06), ou seja, 6 átomos de carbono, 12 de hidrogênio e 6 de oxigênio. Por isso a glicose é considerada um monossacarídeo. Outros dois açúcares simples, frutose e galactose, também têm o mesmo número de átomos, porém com arranjos ligeiramente diferentes.Esse pequeno detalhe fará uma enorme diferença no metabolismo, principalmente durante atividade física.

B. Os oligossacarídeos: os principais são os dissacarídeos, ou açúcares duplos (a soma de dois açúcares simples). Os três principais açúcares duplos são:
- sacarose - glicose + frutose, encontrada na cana de açúcar, na beterraba, no sorgo etc.
- lactose - glicose + galactose , encontrada naturalmente no leite.
- inaltose - glicose + glicose, encontrada em alguns cereais em germinação.

C. Polissacarídeos: três ou mais unidades de açúcar, são considerados polissacarídeos. São açúcares mais complexos. São subdivididos em vegetais e animais. Os principais polissuarídeos vegetais são o amido, encontrado principalmente no milho e a celulose, exclusivamente presente na parte estrutural das plantas (folhas, caules, raízes, etc.). 0 principal polissacarídeo animal é o glicogênio, que está presente dentro dos músculos e do fígado como verdadeiro armazém de energia.

Nesse ponto, estamos atingindo o cerne do nosso alvo - o cavalo. A intimidade que o metabolismo eqüino tem com a celulose (por isso classificado de herbívoro) é tão grande quanto a que tem com o glicogênio que está dentro do seu próprio organismo.

II - Revisão Científica: não se engane, muitas vezes é olhando para trás que se enxerga o futuro.

A revisão científica que proponho é com visão moderna - fisiologia do cavalo na intimidade do seu próprio ecossistema (meio interno) e a relação deste com a cadeia alimentar (meio externo).

Para darmos nosso próximo passo, uma senha de acesso é o entendimento de que a garantia da subsistência de um ecossistema só é possível através do compromisso que cada espécie animal assume em alimentar de energia a cadeia biológica. Como num acordo divinamente gerenciado, cada grupo escolheu um instrumento de trabalho - "O cavalo escolheu a velocidade”.
Na boca, um sistema mecânico (dentes) e bioquímico (saliva) fazem lentamente a pré-digestão da celulose (capim) em prol de poupar tempo na digestão intestinal. Abastadas glândulas salivares e vasta superfície de absorção perilingual proporcionam uma reciclagem de minerais por essa via (sublingual), com acesso direto às artérias sem passar pelo fígado e, conseqüentemente, pelo intestino delgado. Esse recurso fisiológico dribla a interferência negativa da taxa de absorção de minerais característico das dietas ricas em fibra. Além do que a absorção sublingual é passiva, sem gasto de energia - o que em parte não ocorre lá no intestino grosso. A mastigação de 1 kg de feno pelo cavalo pode levar até meia hora.
Daí para frente a velocidade é recorde. Em segundos, o alimento pode entrar no estômago, principalmente se forem ativados recursos facilitadores. Comendo com a cabeça baixa, a postura do ventre age favoravelmente na ação do músculo diafragma que, associado à musculatura da válvula gástrica, suga o alimento de forma rítmica, econômica e sem traumas.

O estômago tem tamanho relativamente pequeno. Discreta, contínua e rítmica produção de suco gástrico, seu mosaico de glândulas e seus movimentos não o identificam como um compartimento misturador. Não está preparado para digerir a celulose e a digestão de amido é economicamente duvidosa, já que a saliva da pré-digestão bucal é carente em amilase (enzima que degrada o amido). As proteínas e carboidratos sofrem as primeiras degradações. Todas essas características mostram que o estômago do cavalo tem uma participação de transição rápida do bolo alimentar, não devendo nunca ficar repleto nem tampouco totalmente vazio.
O intestino delgado está extremamente relacionado com a digestão química - além das suas próprias enzimas digestivas, é beneficiado com a bile e o suco pancreático. Aqui se estabelece uma "Encruzilhada" extremamente estratégica e ímpar no cavalo ela chega a ser tão gritante que se evidencia até anatomicamente. O pâncreas lança sua secreção no intestino delgado (para digerir os alimentos) através de um canal que se bifurca em dois: um se comunica com o canal biliar e juntamente com ele age sobre alimentos concentrados (degradando suas porções de carboidratos, gorduras e proteínas); o outro despeja uma secreção que serve como redutor da acidez do conteúdo alimentar para que possa entrar no intestino grosso sem afetar a população mutualista (contribuidora) bacteriana e protozoária da câmara de fermentação - o ceco. Este (o ceco) é sem dúvida o mais inteligente sistema de conversão energética. A partir de matéria prima bruta, a celulose (o capim) é capaz de produzir em sua câmara de fermentação gases que irão se transformar em ácidos gordurosos para uso energético imediato ou para armazenamento em forma de glicogênio no fígado e/ou nos músculos esqueléticos, ou até sob a forma de tecido adiposo que, quando mobilizado para gerar mais energia, se transforma novamente em glicogênio (liconeogênese). Esse glicogênio (conforme citado no item considerações básicas) é um polissacarídeo, que será subdividido em várias unidades de açúcar e estará pronto para gerar energia dentro da célula. Lá dentro da célula abastece a maior e mais eficiente usina energética da natureza, a mitocôndria.
Esse é o ponto de maior reflexão e que gera as maiores polêmicas práticas, científicas e estatísticas (há uma velha piada sobre o estatístico que se afogou num lago cuja profundidade média era de apenas meio metro). Mas a Inteligência Biológica tem nesses momentos a razão de sua existência a de produzir energia luminosa - a lucidez.
Aí vem o “ser ou não ser ...”Por que então um modelo” herbívoro por excelência, extremamente compromissado com a ecologia e, por isso, com a economia energética, dispõe de sistemas complexos bioquimicamente custosos à sua disposição. A resposta é simples e tem base em duas polaridades da Termodinâmica. Num extremo, o fluxo de energia, no outro a concentração de energia.
Para entender o fluxo de energia, imaginemos um ecossistema abastecido de dias freqüentes de sol, com períodos bem distribuídos de chuvas e estiagens e que não haja interferência significativa de atividades de economia humana. Durante as chuvas, os herbívoros se concentram todos no mesmo lugar, fartando-se com o capim novo, de alto teor protéico. No início da estiagem, a oferta de pasto não acompanha a demanda da população, fazendo com que se desloquem para pastos inexplorados. Assim, os ruminantes pastam o capim mais alto e se retiram imediatamente para outro local para garantir ao cavalo o pastejo mais rasteiro de sua preferência. Esta atitude biológica coletiva garante a repetição do ciclo. Esse sistema está sendo mantido através de um alto fluxo de energia.
Agora imaginem a situação inversa desses mesmos animais num rigoroso inverno (baixa temperatura e reduzida incidência solar). A procura por alimento deverá satisfazer a uma dieta de alto teor de carboidrato e gordura e que, principalmente, seja de alta concentração. Comer pouca quantidade que gere energia imediata e de glicogênio, e gordura como reserva energética e isolante térmico. Um sistema de concentração de energia.
Enfim, esta é a simples razão da versatilidade de alternativas em metabolizar, utilizar e armazenar energia que está disponível nessa máquina de movimento que é o cavalo.
O nosso cavalo moderno, de alta performance e constituição física invejável, vive simultaneamente sob os dois sistemas, concentrando alta energia (no cocho) para gerar alto fluxo (nas competições). Diante dessa realidade, uma estratégia nutricional compatível é providencial.
Há uma tendência bastante próxima no mercado de nutrição eqüina - mais que o alimento, o fabricante terá de disponibilizar e comercializar informação.
Uma informação muito importante para nós foi fornecida por um trabalho científico de 1994, (Lancha JR AH. Recco MB, Curi R. Pyruvato - Carboxilase activity in the heart and skeletal muscle of the rat. Evidence for a stimulating effect of exercise. Biochem Mol Biol Int 32:483-89, 1994).Essa pesquisa mostra na prática a interação econômica de geração de energia entre a disponibilidade de carboidrato em favor da mobilização de gordura. Esse dado é altamente estratégico na competitividade atlética de eqüinos de alta performance. Na próxima edição, falarei porque os fenos de gramíneas selecionadas associadas às sementes oleaginosas como a linhaça pode ser a combinação do futuro, e como o estudo da cronobiologia poderá gerar informaçoes em favor da "Inteligência Biológica".
Gustavo Braune; Nutrição Eqüina, Revista Horse Ilimitada, vol. 75

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

FENO
Por que se preocupar com feno agora, justo quando adentramos no período das águas e os pastos crescem à vontade, não havendo escassez de forrageiras?

Uma das principais características das nossas forrageiras é uma ótima produção na época das águas, em contraste com urna produção quase que insuficiente no período da seca.
Por este motivo, é preciso saber tirar o máximo proveito da generosidade da mãe natureza, durante este período de fartura, garantindo que este excesso possa ser processado e armazenado para os tempos difíceis. A fenação, entenda-se como o processo de desidratação e conservação da forragem no seu estado seco, envolve métodos desenvolvidos e aprimorados, para se maximizar o aproveitamento da matéria verde, buscando manter seu valor nutritivo, alto teor de carboidratos, proteínas, vitaminas e minerais.
É um processo prático, econômico, de fácil execução. Não envolve processo químico ou fermentativo. A fenação tem como objetivo reduzir o teor de umidade do vegetal de 70% a 80% no natural, para 15% na massa fenada, preservando seu valor nutritivo, maciez e aroma. Para isso a forrageira deverá ser ceifada no estágio que coincide com sua produção máxima, associada ao seu maior valor nutritivo. Na maioria das vezes este estágio precede a floração da planta.
Coincidentemente, a grande maioria das forrageiras atinge esse ponto exatamente entre outubro e março, quando as chuvas são abundantes e tudo está sempre bem molhado. Daí o conceito de que a fenação é uma tarefa difícil de ser realizada, ou colocada em prática, pois seria necessário secar o capim em clima chuvoso, O que geralmente é esquecido, é que apenas dois dias são necessários para que se complete a secagem, e a desidratação pode ser feita em galpões, pelo sistema natural, ou em dessecadores, pelo sistema artificial.
De qualquer forma, considerando que nosso principal objetivo é obter um feno de alta qualidade, devemos nos lembrar que esse processo conserva o valor nutritivo original da planta. Se desenvolvido após o mês de março, devido a praticidade da ausência de chuvas, acaba-se por fenar uma pastagem “passada”, já amadurecida e, portanto, com seu teor nutritivo comprometido. Boa mesmo para a confecção de camas.

FASES DO PROCESSO DE FENAÇÃO

Preparo do Solo o Escolha da Espécie Forrageira
Nas áreas escolhidas para fenação exclusiva, ou conjugada ao pastoreio, deve-se aliar, sempre que possível, uma boa fertilidade de solo (que resulta de correção após análise), declividade suave e ausência de obstáculos à mecanização. A forrageira adequada à fenação deve ser resistente a cortes baixos e freqüentes e apresentar facilidades para os cortes mecânicos e estrutura que permita secagem rápida e uniforme. As leguminosas possuem fenação mais difícil, pois além de produzirem de 3 a 5 vezes menos matéria seca por área, (quando comparadas as gramíneas) possuem diferenças na desidratação entre caule e folhas. Este problema acaba por fazer com que durante o processo de secagem ocorra uma grande perda de folhas, comprometendo o valor nutritivo da massa seca, já que são as folhas que contém os nutrientes desejados. Por sua baixa resistência a cortes freqüentes, sua consorciação com gramíneas também se torna difícil.
As gramíneas mais utilizadas para a fenação e destacam por terem talos finos, pois permitem secagem uniforme e são Coast Cross, Transvalla, Estrela Africana e Pensacola. Como leguminosa a alfafa é a mais utilizada. Apesar de seu custo elevado, apresenta alto valor nutritivo, alta digestibilidade, além de ser rica em proteínas, cálcio e carotenóides.

Corte ou Ceifa
Como já foi dito, a idade ideal para o corte é aquela onde se conjugam a maior produção de matéria seca com o maior valor nutritivo. Existem dois tipos de cortes. O manual, que é reservado para pequenas propriedades, é feito com alfanjes e foices e o corte mecânico, feito com tratores, que é praticado em áreas maiores. O corte deve ser feito pela manha, não muito cedo, para que o capim esteja livre da umidade do orvalho, em dias de tempo firme e ensolarado. Dependendo da forrageira a ser ceifada, a altura do corte pode variar. Cortes baixos demais podem comprometer o rendimento da massa produzida nos cortes futuros e até mesmo influenciar na vida útil da pastagem. Atenção especial deve ser dada ao cálculo da área a ser ceifada, para que toda massa verde possa ser processada em dois dias, evitando-se assim, qualquer tipo de desperdício.

Desidratação o Enleiramento
A secagem pode ser feita a campo ou artificialmente, e visa reduzir o teor de umidade do material a aproximadamente 15% a 18%, preservando as características da planta, e evitando riscos de fermentação por excesso de água. A massa cortada vai secando exposta ao sol e aos ventos, de forma desigual, pois as camadas inferiores não são atingidas. Por este motivo, para uma secagem uniforme é necessário que a massa seja revirada com garfos ou ansinhos. Essa operação pode também ser realizada com a ajuda do trator. A desidratação se processa até se atingir o “o ponto de feno”, que é reconhecido a campo quando ao se torcer um feixe do material com as mãos, não se detecta umidade. O método mais seguro para identificação do “ponto de feno” é através de análise laboratorial do teor de umidade da amostra.
O enleiramento é o agrupamento da massa vegetal que deve ser realizado se, até o final do dia, não se conseguiu o “ponto de feno”. Amontoando-se toda a massa para protegê-la da umidade do orvalho. No dia seguinte as leiras são desfeitas para que prossiga a secagem até se atingir o “ponto de feno”. É importante lembrar que quanto mais virada a massa, mais rápida e uniforme será a desidratação.

Armazenamento
O feno pode ser armazenado na forma de fardos, solto em galpões, ou a campo quando coberto com lonas e sempre livre da umidade. O enfardamento é mais recomendado pela facilidade no armazenamento, transporte e melhor conservação do material por períodos maiores. Essencial para a conservação da massa fenada, é um ambiente protegido e ventilado, para que se evite a proliferação de fungos (bolores) pela presença da umidade.

Adubação da Área Produtora de Feno
O processo de fenação rouba do solo todos os nutrientes que ele forneceu para o crescimento e desenvolvimento da planta forrageira. Por este motivo, após cada corte, a restituição destes elementos deve ser conduzida com a orientação de um profissional competente, utilizando-se de corretivos e fertilizantes químicos ou orgânicos. Uma qualidade melhor de material fenado se obtém de áreas exclusivas a esse fim, onde temos a alta fertilidade do solo aliada aos processos modernos como a irrigação artificial, garantindo produções durante todo o ano. Essas áreas são chamadas “capineiras” onde se produz o feno para a alimentação, ou também chamado feno de primeira. O feno para confecção de camas pode ser extraído do sistema de rodízio de piquetes. Quando não se pretende produzir seu próprio feno, o melhor é comprá-lo de um fornecedor idôneo, e para isso é preciso saber identificar suas qualidades. Para se reconhecer um feno de boa qualidade, considera-se ideal a presença maior de folhas (que são a parte nutritiva da planta) em relação aos caules ou talos, coloração verde de tonalidade média, denotando uniformidade na etapa de secagem e a ausência de corpos estranhos e ervas daninhas na massa fenada, traduzindo sua pureza.O feno deve ser encarado como um produto nobre que reflete diretamente a qualidade da pastagem, quer pelo solo, como pelos cuidados com as forrageiras. O processo de fenação não é apenas uma forma de se evitar o desperdício das pastagens, mas principalmente uma fonte alternativa de rendas. Um mercado extremamente promissor vem tomando forma na medida em que a vontade de se possuir um cavalo começa a se tomar realidade, refletindo uma reestruturação da criação nacional. Instalações e serviços vêm-se aprimorando para melhor atender a esses novos proprietários, que não dispõem, como os criadores tradicionais, de meios para manutenção de seus animais. Crescem o número de pensionatos para cavalos, hípicas e centros de treinamento e o feno passa a participar ativamente do manejo nutricional dos animais estabulados.


Texto: Andréia Caldeira
Colaboração: Milene Andrade
Fotos: Álvaro Maya

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Reunião sobre manejo reprodutivo 22/10

Para a reunião do dia 22 estão diponíveis dois textos no blog. Um postado em 21/10 por Joana Glória e outro postado por Raíssa Martins em 30/08.

Biotécnicas reprodutivas

A temporada de monta já começou nas regiões mais quentes do Brasil e você pode ser um dos milhares de proprietários que estão pretendendo cobrir sua égua nessa Primavera. Qualquer que seja seu nível de criação - de uma égua mestiça no fundo do quintal até um haras formado com número variável de éguas de qualidade, é importante que você crie uma expectativa realista com relação à preparação e ao manejo reprodutivo de sua matriz.
Devemos ter o conhecimento também, de que a égua não é uma das mais eficientes máquinas de reprodução da natureza. Primeiramente em função da própria fisiologia reprodutiva do eqüino que possui inúmeros detalhes e depois por culpa do próprio homem que raramente seleciona os reprodutores por sua capacidade reprodutiva e sim por suas inúmeras habilidades desportivas que nada tem a ver com fertilidade e que acabam forçando a utilização de animais com baixa aptidão reprodutiva que produzem outros animais com baixa aptidão reprodutiva.
Comece se perguntando algumas questões. Esteja preparado para discutir suas opções com seu veterinário ou criadores mais experientes que você. Comunicação e entendimento são a chave do sucesso na reprodução de eqüinos.
Que método de cobertura eu gostaria de usar?A tecnologia atual dá ao criador um enorme leque de opções para fertilização da égua, caso sua Associação permita.
Cobertura NaturalVantagens: método que tem o maior índice de fertilidade (70-80%) quando se trabalha com reprodutores normais. Não necessita controle tão restrito do ciclo estral. Método mais barato.Desvantagens: o risco da égua ser transportada até o local onde se encontra o garanhão, se a égua estiver com potro ao pé o risco é maior ainda. Obviamente a égua só poderá ser servida por garanhões que estiverem nas proximidades, pois se a viagem for de mais de 15 horas, ela tem grandes chances de reabsorver o embrião no retorno para sua casa, caso esteja prenhe de menos de 50 dias. Assim, deve-se levar em conta o preço da estadia no Haras do garanhão.
Inseminação ArtificialVantagens: método que permite a fertilização da égua dentro da propriedade, sem o risco de transportar as éguas e seus preciosos potros por aí. Desvantagens: necessita de excelente controle do ciclo da égua para obtenção de taxas satisfatórias de prenhez.
Inseminação a fresco: método utilizado para otimizar a utilização do garanhão, que com um único ejaculado, dependendo da qualidade de seu sêmen, pode fertilizar 3 a 6 éguas. Esse sêmen é coletado pelo veterinário em uma vagina artificial, preparado, dividido e inseminado na hora. Pode ser utilizado até 4 horas depois da coleta em temperatura ambiente, o que permite a coleta em um haras próximo para inseminação da égua dentro desse tempo. Evita transporte e estadia da égua em outra propriedade, mas deve-se considerar os gastos com o veterinário com relação à coleta e preparo do sêmen e os exames da égua para o melhor momento de inseminação. A taxa de prenhez desse método é a mesma da cobertura natural. Pode-se ainda regular hormonalmente duas ou mais éguas e insemina-las todas de uma vez, reduzindo o custo por égua.
Inseminação com sêmen resfriado: método muito utilizado quando o garanhão está a uma distância considerável da propriedade da égua, impossibilitando o transporte. Nesse caso, o sêmen é coletado e preparado como o sêmen fresco, mas depois é colocado em um recipiente resfriador especial chamado "Equitainer". Esse recipiente nada mais é do que um isopor térmico preparado para manter o sêmen a uma temperatura constante de 4° C por até 60 horas. O nível de fertilidade 24 horas depois da coleta é por volta de 40 a 60%. Assim o sêmen é coletado por exemplo no Rio Grande do Sul e despachado por avião para inseminar uma égua no Rio de Janeiro dentro de um prazo de 24 horas. A vantagem óbvia dessa técnica é a possibilidade da utilização de qualquer garanhão do território nacional com fertilidade normal. A desvantagem é que como a taxa de fertilidade do sêmen cai um pouco mais, o controle do horário estimado da ovulação da égua tem de ser bastante acurado, porque o veterinário vai supor que a égua vai ovular no dia seguinte e ligar pedindo o sêmen no dia anterior. Se ele errar o momento da ovulação todo o trabalho é perdido. Os custos são os de controlar a égua, coletar o garanhão, envio do sêmen por avião, coleta do sêmen no aeroporto de destino , inseminação da égua e retorno do Equitainer vazio por avião.
Inseminação com sêmen congelado: uma coisa está mais do que provada: o sêmen do garanhão não é o melhor do mundo para ser congelado. A sua taxa de fertilidade após o descongelamento gira em torno de 30-40% em garanhões considerados bons. Ainda, nem todos os garanhões se prestam para congelamento. Entretanto, o sêmen congelado de animais expoentes é cada vez mais comercializado no mundo todo. É importante lembrar também, que ao contrário dos casos anteriores, onde o dono da égua só vai pagar a cobertura em caso de prenhez; a dose de sêmen congelado é paga independentemente de a égua ficar prenhe ou não. A grande vantagem é a possibilidade de cobertura de sua égua com o melhor garanhão possível em termos internacionais, a utilização de garanhões em plena atividade desportiva e ainda garanhões que já morreram. Como o sêmen congelado tem uma fertilidade menor ainda, é necessário um controle veterinário acurado para apontar com exatidão o momento da ovulação da égua e boa técnica de manipulação do sêmen para proceder a inseminação. Hoje em dia, já existe uma técnica avançada de inseminação artificial para sêmen congelado com o auxílio de endoscópio que deposita o sêmen diretamente na papila da entrada da trompa da égua, aumentando tremendamente as chances de prenhez e ainda com a vantagem de se utilizar apenas ¼ da dose de sêmen congelado por tentativa, fazendo com que a sua dose paga de sêmen renda muito mais. Ainda nos custos deve ser computada a compra de um botijão de nitrogênio líquido para manutenção do sêmen e a reposição mensal de nitrogênio.
Transferência de Embriões:Técnica já masterizada por várias centrais de reprodução nacionais e utilizada em vários haras maiores com boa infraestrutura de reprodução. Permite o aproveitamento de éguas que continuam a sua campanha desportiva na reprodução, a utilização de éguas expoentes que não podem mais gestar por diferentes razões - desde problemas de fertilidade até idade avançada; e ainda a produção de vários produtos por ano de éguas importantes caso a Associação permita. Alguns criadores reduziram seu plantel à 2 ou 3 éguas expoentes e trabalham tirando vários produtos por ano destas éguas ou mesmo negociando seus embriões. As desvantagens são os altos custos da técnica e a baixa taxa de prenhez das receptoras no eqüino. Em geral para cada égua doadora tem que se trabalhar com duas ou três éguas receptoras que devem ser de tamanho compatível e ótima fertilidade. Essas receptoras muitas vezes são alugadas pelas centrais de reprodução pelo ano de gestação e devolvidas após o desmame do potro.
Qual é o histórico geral de minha égua?O histórico veterinário de sua égua pode ser muito importante para decisão de cobertura porque alguns problemas podem atrapalhar a sua fertilidade, tais como hipotireoidismo, doenças hepáticas, aguamento, claudicações importantes, excesso de medicações durante carreira desportiva, etc. A dor é um componente importante causador de reabsorção embrionária no início da prenhez.
Qual é o histórico reprodutivo de minha égua?Perguntas importantes que o veterinário lhe fará antes de considerar a cobertura de sua égua:Quando nasceu o último potro da égua?Houve alguma complicação pós-parto? (partos demorados ou problemáticos, lacerações, retenção de placenta, problemas com o potro, gêmeos). A gestação normal da égua é em média de 11 meses. Qualquer desvio de mais de 18 dias deste tempo médio deve ser comunicado ao veterinário. Sua égua cicla normalmente? O ciclo normal da égua na Primavera-Verão é de 21 dias com um período de cio que varia de 4 a 6 dias. Esse ciclo pode ser modificado pela ação de medicamentos hormonais para mais ou para menos de acordo com o interesse do criador em cobrir mais cedo ou em sincronizar éguas para inseminação ou transferência de embriões.Sua égua tem algum histórico de problemas reprodutivos? Foi coberta várias vezes e não emprenhou? Reabsorveu após confirmação de prenhes? Aborto? Natimortos? Potros fracos?
Tudo isso tem grande efeito nos custos e na probabilidade de produção de um potro sadio no próximo ano. Cada caso deve ser muito bem estudado.
Qual é a taxa de fertilidade presumida de minha égua?Éguas jovens, sem potro ao pé e com menos de 6 anos de idade tem a maior taxa de fertilidade.Éguas paridas, lactentes e éguas jovens que já criaram, mas que por alguma razão ficaram vazias no ano anterior requerem atenção especial. As duas primeiras necessitam excelente acompanhamento nutricional para permitir que entrem no cio regularmente, sejam cobertas e possam manter a nova gestação com o potro mamando, e as terceiras provavelmente tem algum problema reprodutivo que requer um exame veterinário mais acurado e possível tratamento antes de se tentar nova cobertura.Éguas de cria velhas - acima de 14 anos, éguas virgens com mais de 9 anos de idade têm sua taxa de fertilidade bastante reduzida.
A escolha do garanhãoLembre-se que a égua entra com pelo menos 55% da genética de seu produto. Assim de nada adianta escolher o melhor garanhão do mundo e coloca-lo em uma égua medíocre esperando obter um animal da categoria do pai. O que você realmente conseguirá será um animal com menos da metade das características do pai que pode não valer nem o preço da cobertura...O ideal é escolher um garanhão de qualidade, com características que reconhecidamente sejam melhoradoras para os pontos fracos específicos da sua égua e cujo preço da cobertura não exceda 30% do preço de mercado de um produto médio do garanhão.
Eu posso arcar com os custos dessa cobertura?O fator do custo da cobertura, do tipo e manejo reprodutivo utilizado, controles e tratamentos veterinários, transportes, estadias, etc deve ser bem pesado antes do proprietário se decidir pela cobertura de sua égua. A reprodução eqüina pode se tornar bastante custosa principalmente se não é produzido um potro vivo ao final de tudo.
O criador deve levar em conta que a égua pode não emprenhar na primeira tentativa, a égua pode reabsorver no período crítico dos 45 dias iniciais de gestação, e vários outros problemas podem ocorrer durante o longo período gestacional da égua. Sua única garantia, no caso de um trabalho bem feito, é de que seu veterinário e um bom gerente farão o possível para assegurar as máximas chances de concepção e manutenção da gestação de sua égua. Não importando o resultado final, proprietários bem informados sempre têm um nível de satisfação maior, tanto financeiro como logístico, com a nem sempre fácil reprodução eqüina.

Dra. Adriana Busato é Médica Veterinária, Professora Adjunta de Equídeocultura na PUC-PR, inspetora da ABCCH e proprietária do HARAS FB onde cria BH e Hanoverianos. Apresenta e compete com seus animais em Salto em Circuito Nacional Amador. Fone: (041) 352-4628 e-mail: haras_fb@harasfb.com.br