terça-feira, 21 de outubro de 2008

Reunião sobre manejo reprodutivo 22/10

Para a reunião do dia 22 estão diponíveis dois textos no blog. Um postado em 21/10 por Joana Glória e outro postado por Raíssa Martins em 30/08.

Biotécnicas reprodutivas

A temporada de monta já começou nas regiões mais quentes do Brasil e você pode ser um dos milhares de proprietários que estão pretendendo cobrir sua égua nessa Primavera. Qualquer que seja seu nível de criação - de uma égua mestiça no fundo do quintal até um haras formado com número variável de éguas de qualidade, é importante que você crie uma expectativa realista com relação à preparação e ao manejo reprodutivo de sua matriz.
Devemos ter o conhecimento também, de que a égua não é uma das mais eficientes máquinas de reprodução da natureza. Primeiramente em função da própria fisiologia reprodutiva do eqüino que possui inúmeros detalhes e depois por culpa do próprio homem que raramente seleciona os reprodutores por sua capacidade reprodutiva e sim por suas inúmeras habilidades desportivas que nada tem a ver com fertilidade e que acabam forçando a utilização de animais com baixa aptidão reprodutiva que produzem outros animais com baixa aptidão reprodutiva.
Comece se perguntando algumas questões. Esteja preparado para discutir suas opções com seu veterinário ou criadores mais experientes que você. Comunicação e entendimento são a chave do sucesso na reprodução de eqüinos.
Que método de cobertura eu gostaria de usar?A tecnologia atual dá ao criador um enorme leque de opções para fertilização da égua, caso sua Associação permita.
Cobertura NaturalVantagens: método que tem o maior índice de fertilidade (70-80%) quando se trabalha com reprodutores normais. Não necessita controle tão restrito do ciclo estral. Método mais barato.Desvantagens: o risco da égua ser transportada até o local onde se encontra o garanhão, se a égua estiver com potro ao pé o risco é maior ainda. Obviamente a égua só poderá ser servida por garanhões que estiverem nas proximidades, pois se a viagem for de mais de 15 horas, ela tem grandes chances de reabsorver o embrião no retorno para sua casa, caso esteja prenhe de menos de 50 dias. Assim, deve-se levar em conta o preço da estadia no Haras do garanhão.
Inseminação ArtificialVantagens: método que permite a fertilização da égua dentro da propriedade, sem o risco de transportar as éguas e seus preciosos potros por aí. Desvantagens: necessita de excelente controle do ciclo da égua para obtenção de taxas satisfatórias de prenhez.
Inseminação a fresco: método utilizado para otimizar a utilização do garanhão, que com um único ejaculado, dependendo da qualidade de seu sêmen, pode fertilizar 3 a 6 éguas. Esse sêmen é coletado pelo veterinário em uma vagina artificial, preparado, dividido e inseminado na hora. Pode ser utilizado até 4 horas depois da coleta em temperatura ambiente, o que permite a coleta em um haras próximo para inseminação da égua dentro desse tempo. Evita transporte e estadia da égua em outra propriedade, mas deve-se considerar os gastos com o veterinário com relação à coleta e preparo do sêmen e os exames da égua para o melhor momento de inseminação. A taxa de prenhez desse método é a mesma da cobertura natural. Pode-se ainda regular hormonalmente duas ou mais éguas e insemina-las todas de uma vez, reduzindo o custo por égua.
Inseminação com sêmen resfriado: método muito utilizado quando o garanhão está a uma distância considerável da propriedade da égua, impossibilitando o transporte. Nesse caso, o sêmen é coletado e preparado como o sêmen fresco, mas depois é colocado em um recipiente resfriador especial chamado "Equitainer". Esse recipiente nada mais é do que um isopor térmico preparado para manter o sêmen a uma temperatura constante de 4° C por até 60 horas. O nível de fertilidade 24 horas depois da coleta é por volta de 40 a 60%. Assim o sêmen é coletado por exemplo no Rio Grande do Sul e despachado por avião para inseminar uma égua no Rio de Janeiro dentro de um prazo de 24 horas. A vantagem óbvia dessa técnica é a possibilidade da utilização de qualquer garanhão do território nacional com fertilidade normal. A desvantagem é que como a taxa de fertilidade do sêmen cai um pouco mais, o controle do horário estimado da ovulação da égua tem de ser bastante acurado, porque o veterinário vai supor que a égua vai ovular no dia seguinte e ligar pedindo o sêmen no dia anterior. Se ele errar o momento da ovulação todo o trabalho é perdido. Os custos são os de controlar a égua, coletar o garanhão, envio do sêmen por avião, coleta do sêmen no aeroporto de destino , inseminação da égua e retorno do Equitainer vazio por avião.
Inseminação com sêmen congelado: uma coisa está mais do que provada: o sêmen do garanhão não é o melhor do mundo para ser congelado. A sua taxa de fertilidade após o descongelamento gira em torno de 30-40% em garanhões considerados bons. Ainda, nem todos os garanhões se prestam para congelamento. Entretanto, o sêmen congelado de animais expoentes é cada vez mais comercializado no mundo todo. É importante lembrar também, que ao contrário dos casos anteriores, onde o dono da égua só vai pagar a cobertura em caso de prenhez; a dose de sêmen congelado é paga independentemente de a égua ficar prenhe ou não. A grande vantagem é a possibilidade de cobertura de sua égua com o melhor garanhão possível em termos internacionais, a utilização de garanhões em plena atividade desportiva e ainda garanhões que já morreram. Como o sêmen congelado tem uma fertilidade menor ainda, é necessário um controle veterinário acurado para apontar com exatidão o momento da ovulação da égua e boa técnica de manipulação do sêmen para proceder a inseminação. Hoje em dia, já existe uma técnica avançada de inseminação artificial para sêmen congelado com o auxílio de endoscópio que deposita o sêmen diretamente na papila da entrada da trompa da égua, aumentando tremendamente as chances de prenhez e ainda com a vantagem de se utilizar apenas ¼ da dose de sêmen congelado por tentativa, fazendo com que a sua dose paga de sêmen renda muito mais. Ainda nos custos deve ser computada a compra de um botijão de nitrogênio líquido para manutenção do sêmen e a reposição mensal de nitrogênio.
Transferência de Embriões:Técnica já masterizada por várias centrais de reprodução nacionais e utilizada em vários haras maiores com boa infraestrutura de reprodução. Permite o aproveitamento de éguas que continuam a sua campanha desportiva na reprodução, a utilização de éguas expoentes que não podem mais gestar por diferentes razões - desde problemas de fertilidade até idade avançada; e ainda a produção de vários produtos por ano de éguas importantes caso a Associação permita. Alguns criadores reduziram seu plantel à 2 ou 3 éguas expoentes e trabalham tirando vários produtos por ano destas éguas ou mesmo negociando seus embriões. As desvantagens são os altos custos da técnica e a baixa taxa de prenhez das receptoras no eqüino. Em geral para cada égua doadora tem que se trabalhar com duas ou três éguas receptoras que devem ser de tamanho compatível e ótima fertilidade. Essas receptoras muitas vezes são alugadas pelas centrais de reprodução pelo ano de gestação e devolvidas após o desmame do potro.
Qual é o histórico geral de minha égua?O histórico veterinário de sua égua pode ser muito importante para decisão de cobertura porque alguns problemas podem atrapalhar a sua fertilidade, tais como hipotireoidismo, doenças hepáticas, aguamento, claudicações importantes, excesso de medicações durante carreira desportiva, etc. A dor é um componente importante causador de reabsorção embrionária no início da prenhez.
Qual é o histórico reprodutivo de minha égua?Perguntas importantes que o veterinário lhe fará antes de considerar a cobertura de sua égua:Quando nasceu o último potro da égua?Houve alguma complicação pós-parto? (partos demorados ou problemáticos, lacerações, retenção de placenta, problemas com o potro, gêmeos). A gestação normal da égua é em média de 11 meses. Qualquer desvio de mais de 18 dias deste tempo médio deve ser comunicado ao veterinário. Sua égua cicla normalmente? O ciclo normal da égua na Primavera-Verão é de 21 dias com um período de cio que varia de 4 a 6 dias. Esse ciclo pode ser modificado pela ação de medicamentos hormonais para mais ou para menos de acordo com o interesse do criador em cobrir mais cedo ou em sincronizar éguas para inseminação ou transferência de embriões.Sua égua tem algum histórico de problemas reprodutivos? Foi coberta várias vezes e não emprenhou? Reabsorveu após confirmação de prenhes? Aborto? Natimortos? Potros fracos?
Tudo isso tem grande efeito nos custos e na probabilidade de produção de um potro sadio no próximo ano. Cada caso deve ser muito bem estudado.
Qual é a taxa de fertilidade presumida de minha égua?Éguas jovens, sem potro ao pé e com menos de 6 anos de idade tem a maior taxa de fertilidade.Éguas paridas, lactentes e éguas jovens que já criaram, mas que por alguma razão ficaram vazias no ano anterior requerem atenção especial. As duas primeiras necessitam excelente acompanhamento nutricional para permitir que entrem no cio regularmente, sejam cobertas e possam manter a nova gestação com o potro mamando, e as terceiras provavelmente tem algum problema reprodutivo que requer um exame veterinário mais acurado e possível tratamento antes de se tentar nova cobertura.Éguas de cria velhas - acima de 14 anos, éguas virgens com mais de 9 anos de idade têm sua taxa de fertilidade bastante reduzida.
A escolha do garanhãoLembre-se que a égua entra com pelo menos 55% da genética de seu produto. Assim de nada adianta escolher o melhor garanhão do mundo e coloca-lo em uma égua medíocre esperando obter um animal da categoria do pai. O que você realmente conseguirá será um animal com menos da metade das características do pai que pode não valer nem o preço da cobertura...O ideal é escolher um garanhão de qualidade, com características que reconhecidamente sejam melhoradoras para os pontos fracos específicos da sua égua e cujo preço da cobertura não exceda 30% do preço de mercado de um produto médio do garanhão.
Eu posso arcar com os custos dessa cobertura?O fator do custo da cobertura, do tipo e manejo reprodutivo utilizado, controles e tratamentos veterinários, transportes, estadias, etc deve ser bem pesado antes do proprietário se decidir pela cobertura de sua égua. A reprodução eqüina pode se tornar bastante custosa principalmente se não é produzido um potro vivo ao final de tudo.
O criador deve levar em conta que a égua pode não emprenhar na primeira tentativa, a égua pode reabsorver no período crítico dos 45 dias iniciais de gestação, e vários outros problemas podem ocorrer durante o longo período gestacional da égua. Sua única garantia, no caso de um trabalho bem feito, é de que seu veterinário e um bom gerente farão o possível para assegurar as máximas chances de concepção e manutenção da gestação de sua égua. Não importando o resultado final, proprietários bem informados sempre têm um nível de satisfação maior, tanto financeiro como logístico, com a nem sempre fácil reprodução eqüina.

Dra. Adriana Busato é Médica Veterinária, Professora Adjunta de Equídeocultura na PUC-PR, inspetora da ABCCH e proprietária do HARAS FB onde cria BH e Hanoverianos. Apresenta e compete com seus animais em Salto em Circuito Nacional Amador. Fone: (041) 352-4628 e-mail: haras_fb@harasfb.com.br

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Próximos assuntos das reuniões do gequus:
15/10 Doença da Cara inchada (osteodistrofia fibrosa equina) Cássio
22/10 Manejo Reprodutivo
29/10 Acessorios de montaria Arley e Lucas