quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Leitura para a proxima reunião

Óleo na dieta dos cavalos... Você também acredita que é só para fazer o pêlo brilhar?
por Dr. Ricardo Lougon Ávila

Muitos proprietários e treinadores ouviram falar ou usam algum óleo vegetal na dieta dos cavalos. A razão mais comentada para esta finalidade é a melhora da pelagem entre outras coisas. Contudo, isso vem mudando rapidamente. Os técnicos da área têm se empenhado em acompanhar o que se chama hoje de nutrição ou suplementação esportiva. A crescente profissionalização do meio contribui para o aprimoramento das dietas, atendendo assim a demanda dos cavalos e proprietários cada vez mais famintos por ranking e premiações.

O cavalo é um animal com um sistema digestivo muito peculiar e sensível, sendo que a competição extrema faz com que sejam levados ao limite do organismo. Esta sensibilidade digestiva está muito ligada ao volume de ração ofertado e a alta concentração de carboidratos, isto é, uma quantidade muito grande de concentrado na forma de grãos e farelos para aumentar a capacidade energética. O óleo possui mais de 2 vezes a energia contida nos grãos, ou seja, uma ótima opção de suplementação quando o assunto é necessidade de energia e sem problemas de digestão. Existe pouca alteração na quantidade de calorias entre os óleos. Contudo, existe diferença no perfil de ácidos graxos de cada óleo e quanto a outros nutrientes interessantes que são extraídos no processo de refino.

A quantidade maior ou menor de um certo ácido graxo na composição de um óleo qualquer, pode determinar se o seu cavalo mudará da água para o vinho ou o inverso. São muito difundidas as propriedades dos ácidos graxos monoinsaturados e poliinsaturados e execradas as propriedades dos ácidos graxos saturados. Um óleo rico em monoinsaturados, como óleo de oliva, tem seu preço por volta de R$25,00 o litro. Já o sebo bovino rico em ácidos graxos saturados, custa em torno de R$0,80 o litro. Para cavalos atletas que valem muito dinheiro, saber escolher qual o perfil de óleo a ser utilizado na dieta pode ser uma pequena, porém, providencial colaboração para a vitória.

Outra grande diferença está entre utilizar um óleo refinado ou semi-refinado. Aqueles que se encontra nas prateleiras dos supermercados são os refinados, ideais para cozinhar e fritar.

No óleo bruto se encontram várias substâncias como vitaminas lipossolúveis, lecitina, pigmentos, fitoesteróis e enzimas. Porém, nesta fase o óleo se deteriora rapidamente aumentando acidez e o ranço, por isso é inútil usar óleo bruto. No processo de refino são retiradas quase todas estas substâncias e depois vendidas em separado como suplementos. Outro produto deste processo são os farelos que podem ser desengordurados, como o farelo de soja ou os farelos “gordos”, pouco palatáveis e com ingestão limitada. Por esta razão, um óleo refinado de soja ou de milho custa muito barato, não há nada mais além de energia.

Já o óleo semi-refinado não é indicado para frituras, mas preserva os nutrientes interessantes para o organismo através de processo de alta tecnologia, sem problemas de acidez ou ranço. No processo de semi-refino é retirada a lecitina e a acidez, mantendo vitaminas e fitoesteróis como o gama-orizanol, encontrado em grande concentração no óleo extraído do farelo do arroz. O gama-orizanol é uma substância com propriedades anabolizantes que aumentam a massa muscular e antioxidantes que protegem as células durante o esforço físico.


(HTNUTRI, Camaquã – RS – Única empresa na América do Sul com tecnologia capaz de produzir óleo semi-refinado de farelo de arroz e registrado pelo Ministério da Agricultura)

Perceba que agora você já compreende as diferenças na composição dos óleos quanto aos ácidos graxos e as diferenças entre refinado e semi-refinado. A suplementação com óleo pode variar na sua quantidade de acordo com o peso do animal e a intensidade do treinamento. Para a comunidade científica o ideal está em torno de 15% da necessidade diária de energia que pode ser ofertada na forma de óleo. Para melhor esclarecer vamos aos extremos dos exportes eqüestres com o esquema abaixo:
• Evento de baixa intensidade e longa duração (enduro de 120Km), recomendação: 350ml a 400ml ao dia.
• Evento de alta intensidade e curta duração (penca de 700m), recomendação: 200ml a 250ml ao dia.

No Brasil existem muitas opções de suplementos para cavalos e o número de lançamentos cresce junto com o mercado. Muitos nomes performáticos, quase todos com os mesmos apelos e os mesmos ingredientes que os compõem. Os proprietários e treinadores brasileiros não compram mais qualquer produto, confrontam apelos de venda com os ingredientes. Já existe uma preocupação em aumentar a vida esportiva dos cavalos e os “coquetéis” endovenosos de resultado fácil são banidos pouco a pouco à medida que o esporte evolui e os profissionais se tornam mais responsáveis. O óleo é um produto simples e ao mesmo tempo rico por natureza, que pode trazer muitos benefícios para a performance e para a saúde dos cavalos se bem escolhido e usado com critério.

Dr. Ricardo Lougon Ávila
Veterinário
11-96592272

Artigos enviados

Estou enviando esses dois artido para leitura para serem discutidos na proxima reunião no dia 24 de setembro as 11 horas.
Obrigado

Leitura para a proxima reunião

MORMO

A exploração de muares em trabalho intensivo e as condições ecológicas e de criação podem favorecer a instalação da doença.

Não há dados precisos sobre a introdução do mormo no Brasil. Isso
teria ocorrido, provavelmente, em 1811 na Ilha de Marajó, onde foi
introduzido grande número de cavalos procedentes da cidade do Porto,
em Portugal. Após algum tempo, um grande número deles morreu,
apresentando "catarro e cancro nasais".

Ao longo do século XIX várias ocorrências de mormo são identificadas,
principalmente nas cidades do Rio de Janeiro, Campos, São Paulo e
Salvador. Sua presença quase sempre estava relacionada com unidades
militares e companhias de bondes, movidos a tração animal. A partir de
1950, a doença passou a ser observada cada vez mais raramente,
coincidindo com a redução do uso dos equídeos.

Em 1968, casos de mormo foram diagnosticados por técnicos do
Ministério da Agricultura no município de São Lourenço da Mata, em
Pernambuco. O Boletim de Defesa Sanitária Animal, sobre as primeiras
observações das doenças animais no Brasil, publicado em 1988, considerou
que a doença estaria extinta no Brasil, uma vez que, desde a sua constatação
em Pernambuco em 1968, nenhum caso novo fora comunicado num
prazo de 31 anos, no entanto, nunca foi estabelecido um programa de
controle ou erradicação de tal forma que não podemos considerar a
doença erradicada.

Além disto, conforme documento encaminhado ao Ministério da
Agricultura em 1998 por pesquisadores da Universidade Federal Rural de
Pernambuco, os casos de "catarro de mormo", ou "catarro de burro",
como a doença é denominada neste estado, continuaram ocorrendo e matando grande número de equinos e muares (burros) nas propriedades
canavieiras da zona da mata. Apenas em um dos municípios afetados
foram registrados por esta equipe de veterinários mais de 400 mortes
causadas pelo mormo nos últimos anos.

Em setembro de 1999, os professores Fernando Leandro dos Santos e
Rinaldo Aparecido da Mota, do Departamento de Medicina Veterinária
da UFRPE solicitaram ao Ministério da Agricultura (MA) a coleta de soro
em animais das propriedades do Grupo António Farias, no município de
Cortes (PE), e do Grupo Trapiche, localizadas em Serinhaém (PE) e São José
da Laje (AL), onde estaria ocorrendo mormo. Esses soros foram remetidos
para o LAPA/Recife, que providenciou seu envio para análise no Laboratório Paddock, em São Paulo.


O Laboratório Paddock, em 7 de outubro, comunicou os resultados do
exame de fixação de complemento para mormo ao MA quando 7 animais
se mostraram positivos em um total de 20.

Esses resultados confirmaram a suspeita de que se tratava de mormo. Na
ocasião, o Departamento de Defesa Animal (DDA)
do MA notificou o OIE sobre esta ocorrência.

A situação provocou alterações no trânsito interestadual e internacional.
Em 3/2/2000, o DDA proibiu o trânsito interestadual de equídeos com
origem nos estados de Alagoas e Pernambuco. Alguns países da América
do Sul, incluindo a Argentina e o Chile fecharam as fronteiras para equinos
provenientes do Brasil e em virtude destas barreiras sanitárias, foi cancelado
o XX Clássico da Associação Latino Americana de Jockeys Clubs, previsto
para o dia 18/03/00, no Jockey Club de São Paulo causando grande
prejuízo. Os animais brasileiros também não puderam participar de alguns
torneios pré-olimpicos e diversas transações envolvendo a exportação dos
nossos animais foram suspensas. Em 1/3/2000, a União Europeia proibiu a importação de equídeos provenientes dos estados de Pernambuco e
Alagoas.

Em fevereiro de 2000, o DDA realizou uma missão de avaliação da
situação do mormo nos estados de Pernambuco e de Alagoas. Deslocaram-
se à região os Drs. César Rozas e Vitor Gonçalves.da Divisão de Epidemiologia.
Esta missão permitiu concluir que:
Os casos diagnosticados de mormo não são ocorrências isoladas nas
usinas afetadas e desde algum tempo que os técnicos da região suspeitavam
da doença, com base em manifestações clínicas, principalmente em muares
de trabalho. A demora em obter um diagnóstico conclusivo deveu-se ao
fato de ser difícil a caracterização do agente em questão e, também, por
a doença se julgar erradicada.

As evidências clinicas não sugerem que a doença tenha origem fora
da região, uma vez que os sinais de doença são aparentes apenas algum
tempo após o ingresso na região da zona da mata dos dois estados, onde
os muares são utilizados na produção de cana-de-açúcar em plantios de
encosta. As condições ecológicas (alta umidade) e as condições de criação
e exploração destes animais são favoráveis à manutenção do agente
infeccioso, uma vez que os muares são mantidos em trabalho intensivo
durante aproximadamente 10 anos, durante os quais são mantidos em
grupos de equídeos com contato permanente entre si.

No entanto, em levantamentos feitos posteriormente, foram detectados
animais positivos também nos estados de Sergipe e do Ceará, o que exige
uma investigação mais ampla.


Felizmente, em 27/04/00, os quatro países do Mercosul assinaram
um acordo que permite o ingresso de equídeos procedentes do Brasil,
revogando a proibição anterior, na condição de os animais:

1. terem origem e procedência de zonas livres da enfermidade;
2. terem permanecido, durante os seis meses anteriores ao embarque, numa
propriedade onde não foi detectado nenhum caso de mormo;
3. apresentarem resultado negativo na prova de fixação de complemento
para detecção de mormo, nos 15 dias anteriores ao embarque; e
4. não apresentarem sinais clínicos de mormo no dia do embarque.


SINTOMAS DA DOENÇA

A doença manifesta-se sob as formas nasal, pulmonar e cutânea. Pode
provocar nódulos e ulcerações no trato respiratório superior e pulmões e
ataca também o sistema linfático, com a formação de abscessos nos
linfonodos. Os animais doentes apresentam febre, corrimento nasal
mucopurulento, dificuldade respiratória, nódulos no trajeto dos vasos
linfáticos, úlceras e escaras e debilitação geral. A transmissão se dá por
meio do contato com as secreções e excreções de doentes, especialmente a
secreção nasal e o pus dos abscessos, que contaminam o ambiente e,
principalmente, comedouros e bebedouros.

Em um breve estudo epidemiológico feito pela equipe da UFRPE
constatou-se que a maioria dos animais acometidos é de muares adultos,
usados no transporte de cana, e equinos, que substituíram os muares
mortos e foram submetidos ao mesmo regime de trabalho. Mais
recentemente passaram a ocorrer casos em animais de esporte,
especialmente cavalos Quarto de Milha (vaquejada, argolinha, rodeio, etc.)
e de passeio (cavalgadas e comitivas), muito provavelmente em conexão
com a intensa circulação de equídeos em Pernambuco onde a "indústria
do cavalo" tem se desenvolvido rapidamente. O ingresso da doença nas
propriedades apresenta algumas peculiaridades, considerando
fundamentalmente o manejo, os tipos de propriedades e os hábitos culturais
para a compra e movimentação dos animais na zona rural pernambucana.
A maioria dos estábulos nestas regiões é coletiva e com um cocho único
facilitando a disseminação do mormo devido à grande promiscuidade
entre animais sãos, aparentemente sãos e doentes.

A base da alimentação é de melaço, cana e sal. Nas usinas e engenhos
há ingresso de equinos e muares de diversas localidades que trazem a cana
de outras propriedades para ser processada e se misturam aos animais de
haras e centros de treinamento ali alojados por motivos diversos sem
qualquer preocupação, considerando uma crendice de que o equino não é
suscetível ao "catarro de mormo"

COMO COMBATER A DOENÇA?

A profilaxia do mormo baseia-se no isolamento da área onde existirem
animais doentes, sacrifício dos animais positivos às provas de diagnóstico,
isolamento e releste dos suspeitos, cremação dos cadáveres no próprio
local, desinfecção das instalações e de todo material que esteve em contato
com doentes, suas excreções ou secreções. O tratamento não é indicado
pois os animais se tornam portadores crónicos e fontes de infecção para outros animais.

No entanto, a solução para o problema detectado inicialmente nos estados
de Pernambuco e Alagoas passa por um envolvimento e comprometimento
dos vários setores afetados - usinas e seus fornecedores, criadores de cavalos,
organizadores de eventos equestres e outros - em colaboração com os
ó rgãos públicos, como os serviços de defesa sanitária animal e a universidade
e o primeiro passo deve ser um estudo que permita avaliar a situação epidemiológica nos dois estados, não apenas na população de animais
envolvida na produção de cana-de-açúcar, mas também em
outros setores, dentro e fora da zona da mata.

Assim, o Ministério da Agricultura em reunião técnica realizada nos dias
17, 18 e 19 de abril de 2000 em Brasília, com a presença de diversos
especialistas, estudou profundamente o assunto e estabeleceu metas visando
o combate a esta doença.

A primeira dificuldade que se coloca ao delineamento de um
programa de combate ao mormo é o desconhecimento da dimensão
atual do problema. Não se conhece ainda a prevalência da doença,
nem tampouco a área geográfica e o tipo de propriedades envolvidas.

Assim, o início do programa deve compreender um estudo soro-
epidemiológico com o objetivo de caracterizar a dimensão real do
problema. Pretende-se estimar os níveis de prevalência da doença em
diferentes segmentos da população de equídeos e em várias regiões dos
estados afetados, com o objetivo de priorizar e direcionar as ações de
controle e erradicação da doença. O mesmo trabalho será realizado em
regiões de outros estados que tradicionalmente criam muares e vendem
esses animais para o Nordeste.

Simultaneamente, todas as suspeitas de focos de mormo serão atendidas, em todos os estados brasileiros, com coleta de sangue para diagnóstico laboratorial. Tanto o estudo soro- epidemiológico de prevalência como o atendimento à focos serão financiados com recursos públicos e executados pêlos órgãos de defesa
sanitária animal dos estados envolvidos. Os resultados do estudo estarão
disponíveis em outubro de 2000; nesse momento será possível determinar
como será o programa de erradicação.

Fonte:

Imagens: - Saúde Animal, www.saudeanimal.com.br

domingo, 7 de setembro de 2008

EQUOTERAPIA

A CURA VEM A CAVALO

Também conhecida como equitação terapêutica, a Equoterapia usa o cavalo como agente, auxiliando no tratamento de várias deficiências físicas e mentais. O tratamento através do cavalo, com ajuda de uma grande equipe, vem adquirindo cada vez mais adeptos no mundo inteiro. Diante disso, fica provado que a Equoterapia é um método extremamente eficiente, que aba cura e lazer, provando que o cavalo também pode ser o melhor amigo do homem.

Os Primeiros Passos
Os antigos médicos gregos já conheciam e recomendavam o efeito benéfico da equitação para a saúde. Sabendo disso, médicos parisienses começaram a estudar o que mais tarde seria chamado de "Equoterapia", em 1875. Mas, nessa época, ela não foi praticada formalmente. Foi apenas nos anos 30, na Alemanha, que ela se tomou uma alternativa para a cura de vários problemas.

Talvez a faísca para tomar a Equoterapia conhecida do grande público foi a vitória da dinamarquesa Liz; Hartel, medalha de prata em Adestramento nas Olimpíadas de Helsinki em 1952, já adulta, contraiu Poliomielite e foi condenada à cadeira de rodas. Amazona desde criança, não aceitou a situação e partiu para a luta. Com incrível força de vontade, não apenas superou a deficiência, como também todos os seus concorrentes sem deficiência.
Nos anos 50 e 60 surgiram simultaneamente os primeiros grupos de terapia em vários países da Europa e, pouco depois, nos EUA. Inicialmente, esses grupos trabalhavam empiricamente, mas hoje muitos estão ligados a hospitais universitários e dispõe-se de trabalhos científicos sobre a eficácia da Equoterapia.

Outro impulso para que ela se tomasse uma prática mais conhecida e estudada foi a Segunda Guerra Mundial, onde começou uma verdadeira "Renascença" da Equoterapia. Isso deve�se, em grande parte, aos mutilados de guerra, pois muitos deles tinham sido excelentes cavaleiros, e um tratamento com cavalos podia ter resultados incríveis.

A Realização do Trabalho
A equoterapia tem como eixo principal o "cavalo", que tem os movimentos tridimensionais; indispensáveis para a terapia. Ao se deslocar ao passo, realiza um movimento em seu dorso que se assemelha à marcha humana. O deslocamento longitudinal, transversal e vertical desloca o centro gravitacional do cavalo tridimensionalmente proporcionando um movimento semelhante à bacia pélvica humana durante a marcha. Esse andar tridimensional. corresponde ao andar humano com menos de 57o de diferença. Em casos de lesões cerebrais (congênitas ou acidentais) esta semelhança pode ajudar a fornecer imagens cerebrais seqüenciais e impulsos importantes para se aprender ou reaprender a andar.

Na Equoterapia, ao contrário das terapias tradicionais, onde temos a clássica relação terapeuta-paciente, encontramos como protagonista "em cima" de seu parceiro, o cavalo, e o terapeuta "em baixo" como simples; mediador. Esta inversão de papéis é um fator importante na motivação, talvez a principal responsável dos grandes progressos e melhoras obtidas.

Outra vantagem é que o biorritmo do cavalo, muito semelhante ao humano e seu movimento rítmico-balançante, que estimulam o metabolismo, regulam o tônus e melhoram os sistemas cardiovascular e respiratório.

O movimento e a mudança de equilíbrio constante estimulam o sistema vestibular e solicitam uma adaptação incessante do próprio equilíbrio, fortalecendo a musculatura e a coordenação. Associando este fortalecimento às outras sensações provocadas pelo corpo do cavalo, melhoram a integração sensório-motora e a consciência do próprio corpo.

Mas para que tudo isso seja aproveitado de forma correta e segura, os exercícios devem ser supervisionados por um fisioterapeuta, instrutor de equitação, terapeuta ocupacional. e um psicólogo. Dependendo de cada caso, fonoaudiólogas, pedagogas e educadores físicos são imprescindíveis para explorar todos os benefícios proporcionados pelos cavalos - praticante da equoterapia deverá ser encaminhado por profissional da área médica e/ ou paramédica e, após uma avaliação da equipe, onde são recolhidos dados de acordo com fichas de avaliação em todas as áreas, é elaborado um programa terapêutico para cada caso.

A equipe deve estar em constante intercâmbio, e também em contato com os profissionais ligados ao praticante, pois a supervisão médica é obrigatória.

Indicações e Contra-Indicações
A Equoterapia é indicada para a maioria dos tipos de paralisia cerebral, acidentes vasculares cerebrais, traumas crânio-encefálicos, atrasos maturativos, formas psiquiátricas de psicoses infantis, estados marginais (ex: autismo), Síndrome de Down e dependentes químicos. Além disso, estresse, depressões, hiperatividade, dificuldade no aprendizado, timidez, coordenação motora, postura ou deficiências físicas podem ser sensivelmente aliviados ou superados. Lembrando sempre que a Equoterapia atende "alunos" de qualquer idade.

Existem casos em que a equoterapia não é eficiente e, pelo contrário, pode até trazer prejuízos, como: afecções graves da coluna vertebral, nos casos de luxações de quadril, Síndrome de Down com excesso de afrouxamento nas primeiras vértebras cervicais e em casos de reduzida sensibilidade na região das coxas.

O Cavalo
A potência do cavalo e seu tamanho impõem medo e respeito. Um sentimento irresistível resulta desta atração e do medo natural. Superar este medo, e através deste, outros, ajuda as pessoas, com ou sem deficiência, fortalecendo sua auto-estima, e melhorando sua postura física e moral.

Devido a uma índole boa e receptiva, o cavalo é o parceiro ideal para primeiras tentativas de relacionamento. Além do fato de ser um ótimo companheiro, o cavalo oferece um certo número de possibilidades que nenhum meio mecânico pode garantir. Porém, é um ser animado, e como instrumento de terapia, deverá preencher requisitos que otimizem as respostas esperadas. A segurança é a regra básica para esta prática. O instrutor de equitação, como homem do cavalo, agora "equoterapeuta", tem essa responsabilidade. A escolha do animal, seu condicionamento, os cuidados com sua higiene, saúde e a condução elaborada do animal, junto com a mediação do vínculo homem-cavalo, fazem do instrutor o responsável pela segurança e equilíbrio do conjunto.

Os outros terapeutas, cada um dentro de sua especificação, cuidam do aproveitamento total dos estímulos.
Para aproveitar todo este potencial com segurança, devemos selecionar unicamente animais de criações que permitem uma infância e adolescência saudáveis, com espaço e liberdade, companhia de outros cavalos e boa educação, desenvolvendo seu potencial motor e afetivo equilibradamente, sem sofrerem agressões físicas ou emocionais. Uma longa educação e treinamento são necessários para garantir a colaboração deste parceiro inigualável para a terapia. É bom lembrar que nunca podemos contar com segurança de animais que sofreram os traumas da doma tradicional, e foram eventualmente recuperados.

CRIANÇAS:
As maiores beneficiadas


No mundo moderno a criança das grandes cidades, confinada em espaços limitados, recebe uma sobrecarga de estímulos audiovisuais. A falta de contato com a natureza e seus desafios para a exploração física-motora, como são as árvores e terrenos naturais, priva-a da oportunidade de descobrir o mundo real e de aprender naturalmente a coordenação de seu próprio corpo.

A falta de sensações agradáveis, provocadas por estímulos normais e encontrados num ambiente adequado, pode levar à procura de sensações artificiais cada vez mais fortes e perigosas.

As experiências neuromusculares formam o alicerce indispensável para a boa estruturação da criança, possibilitando o futuro aprendizado intelectual.

O cavalo pode ser um ajudante para suprir este déficit de estimulação tátil proprioceptivo (e muitas vezes também afetivo). O movimento rítmico-balançante melhora a consciência espaço-temporal, a concentração, e o equilíbrio e consolida a segurança gravitacional.

A mistura de atração e medo inerente, representa um grande desafio e motivação. Aceitando este desafio, fica mais fácil superar os medos fortalecendo a confiança e a auto-estima.

O cavalo possibilita um relacionamento afetivo não-verbal, sem conflitos e sem exigências. Constrói uma ponte para estabelecer relações com outros seres, ajudando a controlar agressividade e timidez, bem como regular a hiperatividade. Facilita um relacionamento afetivo, mas sem envolvimento, e impõe limites e respeito pelo seu tamanho, ajudando a criança a aceitar regras e disciplina. Portanto, o cavalo é, ao mesmo tempo, um terapeuta nato, um educador e um grande motivador.


ANDE BRASIL
Desde 1974, acontecem Congressos Internacionais de Equoterapia, agora organizados pela Associação Internacional de Equoterapia. Vinte e seis países estão credenciados e o Brasil está entre eles graças à fundação ANDE - Brasil (Associação Nacional de Equoterapia) criada em 1989, na cidade de Brasília. Para mais infor, mações sobre como e ande praticar a equoterapia, o telefone da ANDE - Brasil é (061) 273-4176. Lembre-se que apenas pessoas especializadas podem ser "equoterapeutas" e a Associação pode lhe indicar profissionais confiáveis e competentes para que você tenha segurança no tratamento.
Colaboradores:
Por Juliana Rose
Revista Horse Ilimitada, Vol. 40, páginas 40, 41 e 42.