quinta-feira, 10 de abril de 2008

Crueldade humana

Situação de cavalo chicoteado e incendiado no Campestre deixa os moradores indignados
Depois de ser maltratado, apanhar e receber chicotadas no peito que marcaram sua pele e o deixaram ainda mais debilitado, um cavalo foi incendiado no final da tarde de sábado (5). O fato ocorreu em uma chácara na avenida Laranjal Paulista, no bairro Campestre. Testemunhas da vizinhança, que ajudaram a apagar o fogo, disseram que o animal se debatia tentando se salvar, mas não conseguia por estar atrelado à carroça. A Guarda Municipal foi acionada para verificar o crime e também encontrou um cachorro-do-mato acorrentado dentro da carroça, que certamente seria queimado junto com o cavalo se populares não tivessem tomado providência.Os dois animais pertencem ao aposentado Norválio Ricieri Zen, 73 anos, que no momento da ocorrência estava num bar ao lado de sua casa e não viu o que estava acontecendo, como relatou ao plantão policial, ao qual recorreu solicitando a retomada da posse do cavalo. Chamado por vizinhos, Zen tentou apagar o fogo, mas não teve forças, por ser "adoentado". À polícia, o aposentado disse que havia comprado o cachorro-do-mato naquele mesmo dia, em Saltinho, pelo qual pagou R$ 20, desconhecendo ser crime ambiental a manutenção de animais silvestres em cativeiro. Contrariando as informações do aposentado, testemunhas disseram terem visto o próprio Zen ateando fogo ao cavalo, que costuma ser maltratado por ele. Disseram ainda que o aposentado já havia cumprido pena por posse ilegal de pássaros silvestres e que no momento da chegada da polícia à chácara, Norválio Zen teria admitido ser o incendiário do próprio animal. Na tarde de ontem (7), a reportagem da Gazeta esteve no Curral Municipal, onde o cavalo foi recolhido, medicado e é mantido isolado em uma baia. Trata-se de um animal extremamente manso, com feridas expostas e que demonstra sinais evidentes de maus-tratos e trauma. Quando alguém se aproxima, o cavalo tenta vencer a dor das queimaduras encolhendo o corpo para manter-se afastado de qualquer situação de perigo, numa clara demonstração de medo e sofrimento. A situação é muito revoltante. No mesmo local está a carroça, bastante velha, que era usada pelo animal para trabalhar e sobre ela, alguns restos de entulho. Já o cachorro-do-mato foi levado pela Polícia Ambiental para o Zoológico Municipal.O delegado João Vendramin, do 3º distrito policial, que recebeu o termo circunstanciado feito pelo plantão policial, disse que cabe à Justiça determinar se a posse do cavalo será ou não liberada ao antigo proprietário e, caso seja comprovada sua culpa no crime, que punição será aplicada ao aposentado. O caso foi remetido ao Juizado Especial Criminal (Jecrim), que deve analisar as informações do termo circunstanciado nos próximos dias. De acordo com o artigo 32 da lei dos crimes ambientais (9605 de 1998), praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos, é passível de pena de multa e detenção por período que varia de três meses a um ano. Já no caso da posse do cachorro-do-mato, o artigo 29 da mesma lei indica que vender, comprar, aprisionar ou transportar animais silvestres sem permissão da autoridade competente, leva à pena de seis meses a um ano de prisão, além de multa.ALERTA NAS DELEGACIAS. Claudete Simões, fiscal da SPPA (Sociedade Piracicabana de Proteção aos Animais) - a entidade também foi chamada para verificar a ocorrência - lamentou que esteja cada vez maior a incidência de maus-tratos a animais em Piracicaba. Segundo ela, os maus-tratos vão desde agressões e torturas físicas ao abuso de colocar o animal para carregar cargas excessivas. "O que mais revolta é que em geral são os proprietários mesmos que maltratam e depois que o fato é denunciado à polícia e o animal é apreendido, os donos ainda vão atrás para solicitar à polícia a reintegração de posse do animal, que acaba sendo maltratado novamente", disse.Ela pretende visitar as delegacias para conversar sobre essas situações com os delegados, expor as ocorrências, alertar e pedir que impeçam que esses animais retornem para seus donos, levando em conta que quando o crime ocorre, o proprietário é responsável pelo animal e deveria cuidar de sua integridade. "Sobre cavalos, temos denúncias de proprietários que maltratam tanto e fazendo o animal trabalhar até a exaustão e morte. Quando os animais são apreendidos, conseguem a liberação e voltam a maltratar. Há muitos donos de animais reincidentes nesse crime, por isso faremos esse pedido às autoridades", alegou Claudete.

FONTE : DANIELE RICCI Da Gazeta de Piracicaba daniele.ricci@gazetadepiracicaba.com.br

Um comentário:

William Leão disse...

Deus me livre. Muita maldade do cara.